O trilho tem início
na aldeia serrana de Coelheira a 950 metros de altitude, está um dia cinzento e
com alguns períodos de chuva, uma temperatura muito agradável para nós que
temos um percurso de 18km de trilho pelas paisagens serranias, fragas e
desfiladeiros, vales verdejantes e ribeiros de água cristalina e fria.
Iniciámos o
trilho na Capela da aldeia da Coelheira, atravessamos a pequena aldeia com as
suas pequenas casas centenárias de granito com o telhado de xisto, algumas já
restauradas com materiais mais modernos.
Na nossa
passagem não se vê nenhuma pessoa residente, só uns cavalos amarrados á entrada
de uma casa o gado caprino nas cortes a berrar por uma saída para a serra,
visto que é domingo devem permanecer por lá o dia todo. Continuamos a subida pelos
estreitos caminhos empedrados até á estrada de alcatrão, aí viramos á esquerda
e seguimos o trilho em direcção ao topo da serra de Arada, o nevoeiro encobre a
vista do cume e as serras envolventes que vamos caminhar.
Ao olharmos
para baixo vemos a pequena aldeia da Coelheira antes que o nevoeiro a encobrisse
à medida que subíamos, chegada ao planalto avistamos uma enorme mariola que sobressaía
daquele tapete de carquejal, continua o tempo cinza e ventoso, aproximamos
dessa mariola esta um trabalho bem elaborado, se estivesse céu limpo avistávamos
as grandes paisagens em redor como as serras do Montemuro, da Estrela e a serra
do Caramulo. Bem mais perto há outra grande mariola a “N” que seguimos para lá
por meio da carqueja e pequenas poças de água acumulada das recentes chuvas.
Aqui parámos
um pouco para carregar as energias e contemplar a paisagem enquanto comemos
umas frutas, quando o nevoeiro levanta um pouco vemos as grandes pás das
eólicas do Parque Eólico de Candal, observamos os pássaros a levantar e pousar,
conversamos sobre a geologia desta serra e tudo envolvente á natureza, sentados
nas pedras de xisto.
Pouco tempo da
nossa paragem, voltamos ao trilho que vai atravessar o Parque Eólico de Candal do
topo 1050m altitude avistamos à nossa direita as serras que nos seus vales
escodem a aldeia de Drave (aldeia mágica), Portal do Inferno, aldeia de Regoufe
e as antigas minas de volfrâmio, à esquerda a aldeia onde iniciamos o trilho
escondida entre o verde da serra e as escuras nuvens do céu, percorremos pelo estradão
do parque por uns 2Km que viramos á direita para descer a serra pelo antigo
trilho dos pastores que vem com o gado das aldeias de Covelo de Paivô e Póvoa
das Leiras.
Já são horas
de um bom reforço para a próxima etapa, tiramos da mochila o almoço e
preparamos ali a refeição enquanto aquece maravilhamos a paisagem, apesar dos
incêndios do verão passado a paisagem recuperou um pouco do verde e as cores
das várias urzes que dão tonalidade roxas e brancas. A refeição em pouco tempo
ferve e almoçamos, conversamos sobre as rochas que estamos sentados que estão
cheias de mica, material altamente isolante e entre outras.
Mochila de
novo às costas continua-mos a descida que vai pelas fragas e desfiladeiros da
Serra da Arada, descemos uns 280m de cota pela escarpa granítica e voltar a
subir já no outro lado desta serra, durante este percurso passamos por um
pequeno ribeiro que nos dá para encher o cantil de água fresca, neste fundo o
fogo poupou uns poucos carvalhos. Daqui o trilho é em subidas e descidas
ingremes até á aldeia de Póvoa das Leiras que está a uns 770m de altitude.
Chegada à
aldeia de Póvoa das Leiras, reparamos da evidência do nome desta aldeia e de
terem chamado trilho dos Incas, pois a aldeia no cimo da colina e na sua
encosta as magníficas leiras verdejantes em degraus até ao sopé da serra. Um
pouco abandonadas pelos mais novos habitantes os poucos que restam estão velhos
para darem continuidade á agricultura local. Nesta aldeia apenas vimos uma
senhora (Srª Alice) de idade com dificuldades em andar, paramos para falar um
pouco sobre esta aldeia, não tardou a contar um pouco da sua estória por estas
serras.
Dois dedos de
conversa nos despedimos com uma promessa que voltaríamos a visitar. Saímos desta
pequena localidade em 1,5km fica logo a aldeia de Candal, descemos até ao
ribeiro de Paivô paramos na ponte antiga para deslumbrar a pequena cascata e o
poço que bem nos apetecia dar um mergulho se o tempo estivesse aduado,
refrescamos a cara e continuamos o trilho até chegar á aldeia de Candal.
Em Candal
passamos sem paragens, pois temos agora uma grande subida em cota de 400m na
Serra da Ribeira, mais ou menos há uma fonte de água fresca que voltei a encher
o cantil, ao chegar ao cume divisamos entre o vale a aldeia de Candal à
esquerda e a direita Póvoa das Leiras e os seus socalcos. Mais á frente seguimos
pelo estradão do Parque eólico que nos leva até ao ponto inicial desta
caminhada, passando pelo parque de campismo Retiro da Fraguinha.
Foi um Trilho
com uma duração 7:40H com 18Km de extensão e um acumulado de 880m.
Aldeia de Coelheira
28 de Maio de 2017
Informação do
Trilho: Não Sinalizado
Dificuldade:
Moderado
Equipamento
GPS : Garmin eTrex20
Companheiros:
Álvaro Rego Pinto e David Araújo Gomes.